terça-feira, 24 de maio de 2011

O maior amor de todos - Um final alternativo para a novela TiTiTi by Smallzinha Capítulo 10

Final da 9ª Parte:

- D. Bruna, é tarde demais! O Edgar se foi! O meu amor se foi ...– disse Marcela já aos prantos e sem conseguir falar mais nada.

10ª Parte
      
            Se há uma coisa com a qual Marcela sempre lidou desde muito cedo fora com o sofrimento. Ela enfrentou a orfandade, privações materiais de toda ordem e a violenta desilusão no seu primeiro amor. Mas nada que havia sentido antes se comparava à dor que lhe consumia, por dentro naquele momento. Talvez por isso, a jovem não conseguisse parar de chorar.

 - Marcela, minha filha, se acalme! - disse D. Bruna do outro lado da minha.
- Me acalmar como, D. Bruna? A senhora mesmo disse que o Edgar não deixou contato. Eu perdi ele de vez - lamentou Marcela ao celular.

- Minha filha, me ouça. Não se desespere. As coisas não são como lhe parecem - tentava falar D. Bruna, sendo sempre interrompida por Marcela.

- Não adianta! Acabou! E tudo foi culpa minha e da daquela maldita mulher!!
            D. Bruna não entendeu a que mulher Marcela se referia mas, notando que não estava sendo ouvida, de fato, pela jovem, teve de falar energicamente:

- Marcela, preste atenção de uma vez: se você parar um pouco e me ouvir, vai saber que as coisas não foram como você está pensando.

- Como assim, D. Bruna? Do que a senhora está falando? - perguntou Marcela, enfim, dando-lhe atenção.

- Minha filha, acho que Deus está conspirando em favor de vocês. Acabei de saber pelo Gustavo uma coisa que vai deixar você muito feliz!  - disse D. Bruna que passou, então, a explicar para Marcela o que houvera com Edgar.
            Longe dali, na capital, um certo tempo antes, o rapaz acabara de entrar em seu apartamento visivelmente contrariado. Chutando a porta com a sua raiva tão viril, Edgar estava se julgando um completo idiota ao ter descoberto, apenas um pouco antes da hora de embarcar, que esquecera o documento mais importante para quem vai viajar para o exterior: o seu passaporte, não havendo mais tempo hábil para pegá-lo e retornar a Guarulhos para a viagem.

            O deslize do rapaz era perfeitamente compreensível. É que sua cabeça,  completamente transtornada, não conseguia se desvencilhar da imagem que lhe marcara no hospital pela manhã: a sua amada abraçada a outro homem, declarando-lhe amor e beijando-lhe a boca. Por mais que tentasse, não conseguia superar o misto de asco e dor que a lembrança lhe causava, o que explicava por que, de forma tão açodada, resolvera partir e sumir, contexto no qual, evidentemente, não teve tempo para preparar-se de forma adequada.
            Ele, então, pegou o telefone e ligou para o pai, contando o que, aos seus olhos, fora uma grande estupidez sua e, sem alongar a conversa, despediu-se mais uma vez, já que conseguira transferir sua passagem para o dia seguinte, depois de pagar uma pesada multa.
  
            Revirando, então, as caixas com as suas coisas que trouxera de casa para o seu novo apartamento, Edgar passou a procurar o bendito passaporte. O que ele, de fato, estava tentando era esquecer os seus tormentos e, nesta dura empreitada,  despendeu um bom tempo, até ter seus devaneios interrompidos por uma batida em sua porta.

            Como ele não havia dado o seu endereço a ninguém, não esperava visitas. Então, supôs que fossem seus pais, talvez numa tentativa de demovê-lo da ideia de partir. Eis porque ele abriu a porta de uma vez, sem sequer olhar pelo visor quem estava do outro lado.

            Seu coração, entretanto, não estava preparado para a surpresa que o destino lhe preparava: na sua frente, com um ar tímido, estava Marcela,  aparentando estar recuperada e, aos seus olhos, mais linda do que nunca.
            Sem conseguir disfarçar o sobressalto, o rapaz, como das outras vezes em que a presença de sua amada lhe impactava, só conseguiu dizer:

- Marcela?

            A moça, também assaltada por uma profunda emoção ao reencontrar o homem da sua vida, ficou alguns segundos calada, até conseguir balbuciar:
- Eu posso entrar?  - questionou-o timidamente.

           Igualmente emocionado, Edgar parecia com a língua travada. Então, limitou-se a se afastar, abrindo caminho para que Marcela entrasse, após o que ele fechou a porta e voltou-se para a moça, recostando-se na própria porta fechada.
            Havendo tanto a ser dito, mas sem saber por onde começar, Marcela, então, resolver arriscou dar início a um diálogo:

 - Sua mãe me contou o acontecido e me informou o seu novo endereço. Ficou bonito, o seu apartamento...

            Edgar, também sem saber o que dizer, limitou-se a um "obrigado" quase inaudível. Marcela, então, resolveu, enfim, ir ao ponto:
- Edgar... eu sei que, na nossa última conversa, você perdeu a paciência comigo e deu a nossa história por encerrada e eu não o culpo por isso...Mas eu queria que você soubesse que, nesses dias todos em que eu fiquei no hospital me recuperando, eu pude  reavaliar tudo o que aconteceu entre nós e, enfim, eu tive a noção exata de algumas coisas que só perante o risco da morte eu pude ver com clareza.

            Como diante de sua abordagem inicial, o Edgar permaneceu calado, a jovem prosseguiu calmamente:
- Eu sei que muita gente conspirou para nos separar, mas, hoje, eu percebo que é minha a responsabilidade por boa parte dos nossos desencontros. Para começar, eu nunca deveria ter me curvado à chantagem do Giancarlo. É certo que eu me sentia em dívida com a sua família e, ao ver seu pai quase enfartado, eu me vi forçada a aceitar tudo como forma de ajudá-los. Mas, diante de toda a dor que isso provocou,  hoje eu tenho consciência de que o certo a ser feito na ocasião, teria sido eu me recusar à pressão e lutar para manter a nossa felicidade.

            Sem saber muito bem aonde Marcela queria chegar,  tudo o que Edgar conseguia fazer era olhar extasiado para a sua amada. Ele já havia se emocionado ao vê-la despertada do coma na UTI, mas nada se comparava a vê-la assim: em pé, falando normalmente, linda como nunca e se mostrando totalmente recuperada.
            Ocorre que o olhar silente do Edgar já estava preocupando Marcela que, sem estar certa de como aquela conversa iria terminar, decidiu continuar:

- Mas talvez meu maior erro tenha sido o modo como passei a tratar você depois que me mudei para a mansão dos Villa, passando a impressão de que meu sentimento estava esfriando. Na verdade, Edgar, era justamente o oposto... Eu precisava garantir que o maldito acordo nunca entrasse em risco, mas toda a vez que eu lhe encontrava,  por mais controlada que eu parecesse, no fundo, meu coração se apertava e meu corpo fervia de saudade, de desejo...Você tem ideia do que o seu perfume causa em mim?  Você tem ideia de como apenas olhar para a sua boca e estar perto de você provoca no meu corpo?
            Ao dizer isso, a moça aproximou-se de Edgar e, carinhosamente, tomou uma das mãos do rapaz, pondo-a sobre o seu peito, a esta altura, já arfante.

- Percebe como apenas estar do seu lado faz o meu coração disparar? disse ela com os olhos marejados.

            O simples contato da mão de Edgar no peito de Marcela foi suficiente para que eles tremessem, como se uma corrente elétrica tivesse passado por ambos. O rapaz, que já estava emocionado ao simplesmente olhar a sua amada falando, ficou ainda mais abalado ao sentir o coração da moça bater, o que agravou a sua mudez.
            Marcela, embora frustrada pelo fato da conversa que ela julgava que teria com seu amado haver se convertido em um monólogo, não se deu por rogada e, com as suas mãos por sobre a mão do Edgar ainda pousada sobre si, ela prosseguiu:

- Por isso, Edgar, eu resolvi evitar a proximidade com você, mas, porque eu não lhe expliquei os meus motivos, causei um enorme mal-entendido entre nós, ferindo o seu coração e, o que é pior, jogando você nos braços de outras mulheres. Ah, você não tem ideia de como me doeu te ver com a Amanda!! Sinceramente, eu tive vontade de morrer. Depois, tentei sobreviver ao ciúme, machucando você: primeiro inventei aquela desculpa para pegar o álbum de fotografias que você fez, sendo que, na verdade, eu o queria de volta só para mim mesma, para ter uma forma de, escondida, olhar o seu rosto, sempre que a saudade de você me sufocava. Depois, meu ciúme aumentou e eu acabei me permitindo uma aproximação cada vez maior com o Renato.
            Ao ouvir o nome do rival, de imediato, veio à mente de Edgar a cena do hospital em que Marcela estava abraçada ao Renato. Como que, por reflexo, e antes que ele pudesse conscientemente evitar, o rapaz recolheu a sua mão, baixando, em seguida, os olhos para o chão, sem lograr esconder sua enorme tristeza.
            Ao ver a reação do seu amado, o coração de Marcela ficou ainda mais apertado, intuindo que, talvez, as feridas que ela abrira no rapaz já não tivessem mais cura. Então ocorreu à jovem que Deus não lhe trouxera de volta à vida mais uma vez se não fosse para ela ter uma outra oportunidade de refazer o que sua infantilidade desfizera. Pensando nisso e prometendo para si mesma que não perderia essa luta até ter esgotado todas as tentativas possíveis de vencê-la, ela se aproximou de Edgar, ao ponto de sentirem a respiração um do outro.

            Marcela tocou o queixo do amado, levantando-o levemente até que seus olhos encontrassem os dela. Então, continuou:
- O fato é que, por mais que eu tenha tentado, minha aproximação com o Renato não tinha como ter futuro. E sabe por que, Edgar? Porque, depois de você, não houve, não há e nem poderá haver mais ninguém. Porque depois de ter provado do teu amor, de ter beijado a tua boca, de ter sentido o teu carinho, de estar estado em teus braços, meu corpo não conseguiu sentir desejo por mais ninguém que não fosse você e meu coração não conseguiu mais amar ninguém como amou você.

            Ao ouvir as declarações de Marcela, Edgar olhou profunda e diretamente nos seus olhos, manifestando toda a confusão que se passava em sua cabeça. Afinal, ela não estava abraçada com Renato no Hospital, toda carinhosa? Como, agora, dizia não sentir nada por ele?
            A moça, como que percebendo as dúvidas do amado, retribuiu-lhe o olhar profundo e, aproximando-se quase ao ponto de estar colada ao seu corpo, explicou:

  Inclusive, Edgar, foi isso que eu disse ao Renato quando eu estive de saída do hospital. Ele compreendeu os meus sentimentos por você e, depois, trocamos um longo abraço, mas apenas como amigos, que é, de hoje em diante, a única coisa que poderemos ser um do outro.
            Diante da explicação de Marcela, o coração de Edgar quase explodiu de felicidade. Então, ela não amava o Renato? Ela era só sua? Ele, afinal, podia considerar que passara do inferno para o mais doce paraíso? Enquanto ele tentava processar tudo isso na sua cabeça, seu corpo permanecia inerte.

            Ocorre que, a esta altura, o comportamento enigmático do rapaz estava para matar de ansiedade a Marcela que não sabia, ao certo, como as suas palavras estavam sendo recebidas. Então, na mesma hora, lhe ocorreu o quanto ela o levara a sofrer e a se humilhar, vindo em sua mente o fatídico dia em que o rapaz, ajoelhado aos seus pés, aos prantos, implorou a ela, em vão, que não fosse embora e nem que lhe tirasse o filho.
            Assim, como última tentativa de se redimir, a moça resolveu se despir de toda a dignidade pessoal e, sem ter mais o que fazer, afastou-se um pouco do rapaz, inclinando-lhe calmamente em direção ao chão, para se ajoelhar aos seus pés. Em seguida, com apenas um fio de voz, falou entre lágrimas:
- Eu sei que talvez já seja tarde, mas eu não posso ir embora sem que você saiba de uma coisa: eu te amo! Eu te amo....Eu não consigo imaginar mais a minha vida longe de você. Eu sei que, talvez, não mereça, mas eu lhe imploro: por favor, me perdoe! Me dê outra chance! Me deixe passar o resto da vida compensando as dores que lhe causei. Por favor, meu amor, por favor...
           A emoção que, até agora, tinha petrificado Edgar, deixando-o completamente inerte, agora teve efeito inverso: como que saído de um verdadeiro torpor provocado por uma imensa comoção interior, o rapaz, enfim, despertou.

           Diante daquele quadro comovente e sem que pudesse mais tolerar ver sua amada em posição tão incondizente com a sua beleza e dignidade, Edgar a segurou pelos ombros, fazendo com que ela se pusesse de pé e, num gesto rápido e apaixonado, tomou-a nos braços, trazendo o seu corpo para junto do seu e, girando-a levemente, a posicionou contra a porta do apartamento onde, até então, ele próprio estivera recostado.
            Desta vez, foi a moça quem emudeceu, não por porque lhe faltassem palavras, senão porque seus lábios, naquele instante, foram tomados pela boca voraz do seu amado, num beijo desesperado, faminto e lascivo.



(continua)



Nota da Autora : Sempre julguei incompreensível a frieza com que Marcela passou a tratar Edgar a partir de sua ida para a casa dos Villa. Daí porque tentei dar uma explicação ao comportamento da moça. Por outro lado, o sofrimento de Edgar com a separação chegou a um tal ponto que gerou em mim uma fúria em relação à Marcela e, embora eu a quisesse junto a ele no final, entendi que isso só poderia acontecer depois de muito a moça sofrer, chorar e se humilhar, inclusive, literalmente aos pés do rapaz. Por fim, entendi que, antes de se dar bem, a mocinha da história deveria se conscientizar dos erros que cometeu, saindo um pouco do pedestal em que a MAA tentou colocá-la e do qual despencou ao longo da novela.

5 comentários:

  1. Totalmente coerente...
    Smallzinha aqui vc colocou as claras o que a MAA deixava nas entrelinhas do comportamento da Marcela em relação ao Edgar. Ela não se aguentava, eu entendo perfeitamente a razão da fraqueza KKKK! Mas agoras preciso tomar uma ducha de agua fria... é que o clima aqui esquentou, e o meu bem tah longe... então amores ai meus sais!!! kkkkk Parabéns!!!

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  2. Small, confere lá: http://www.caiocastrocastanheira.com.br
    Novo Visual

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  3. LINDO, LINDO, LINDO!!! EMOCIONANTE.

    Pelas cenas de puro romance que todas nós assistimos no início da novela. Pela história de amor do casal que virou um drama, causando tanto sofrimento. Era o mínimo que aquela autora louca deveria ter nos proporcionado.

    Parabéns querida, adorei!

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  4. Small,como diria a Elo,ai meus sais!
    Tá muuuuito perfeito!Tomara q o q eu preparei p/ Val e Luti seja um terço do q vc nos preparou pra Edgar e Marcela,simplesmente brilhante,ficou muito lindo!
    Bjs,parabéns msm,vc tem mesmo o dom pra escrever!

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  5. Obrigada, queridas.
    Fico feliz que vcs tenham gostado!
    Até, então, a última parte.

    Luna, vai dar tudo certo. Tenho certeza de que sua fic ficará ótima. Relaxe!
    Beijo!

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