O maior amor de todos - Um final alternativo para a novela Ti Ti Ti by Smallzinha Cap.2

Fim da 1ª Parte:

            Sem pensar duas vezes, Edgar saiu correndo em direção ao centro de tratamento intensivo onde estava sua amada. No trajeto,  milhões de imagens e emoções vinham-lhe à mente, embotando-lhe a vista. Chegando, então, ao seu destino, seu coração, já temeroso com o que poderia encontrar,  quase parou com o que viu através da persiana semi-aberta da janela da UTI.

2ª Parte

            Logo atrás de Edgar, outros passos ruidosos também se fizeram notar. Era o Renato que, tal como ele, também estava lá desesperado por notícias.

            Na frente de ambos, através da janela de vidro da UTI, podia-se ver a Marcela com os olhos abertos e com os lábios balbuciando alguma coisa para o médico que, ao saber da presença dos dois jovens do lado de fora, convidou-os a entrar.

            Mal contendo a alegria de ver que a amada, afinal, lograra sair do coma, Edgar e Renato aproximaram-se lentamente, sendo recebidos por uma Marcela meio sonolenta que, com uma voz quase inaudível, se apressou em perguntar:

 - O Paulinho, meu filho, como ele está?

 - Ele está bem, Marcela - respondeu Renato - Ele está bem. Eu estou cuidando dele, com a ajuda da babá. Agora você tem de focar em si mesma e se recuperar para voltar sã e salva para ele.

           

            Marcela, então, deu um suspiro, como que de alívio, e virou-se em direção ao  lado oposto, onde Edgar estava, passando a mirá-lo. Seus olhos, semi-abertos, não deixavam o rapaz saber que sentimentos transmitiam: seria indiferença? Saudade? Amor?

            Enquanto ele seguia aturdido por tantas dúvidas naqueles poucos segundos, Marcela finalmente fez algo que sempre derretia o seu coração: abriu um vasto sorriso! E, de repente, a alegria invadiu o coração de Edgar que, naquela hora, só queria poder acariciar-lhe os cabelos, apertar o seu corpo contra o seu e beijar-lhe a boca com o desespero de um sedento que encontra o seu oásis.

            Mas era óbvio que aquela não era a hora; nem aquele, o lugar. Então, ele controlando o turbilhão de emoções que o assaltava, só pôde dizer:

- Marcela...

            E sem conseguir falar mais nada, limitou-se a pegar uma de suas mãos, beijando-a delicadamente.

            Neste momento, o Dr. Carauta, inspecionando os dados dos aparelhos que monitoravam a paciente, interrompeu o reencontro daquele trio inusitado:

 - Bom, senhores, já deu para perceber que a paciente saiu do coma. Agora, ela precisa descansar. Peço-lhes, então, que se retirem, mas que me encontrem na minha sala de consulta daqui a 5 minutos. A secretária já está avisada.

            Minutos mais tarde, o médico, com ar circunspecto, estava reunido com os dois rapazes:

 - Senhores, como vocês viram, a Marcela está consciente e, ao que parece, com os sentidos intactos. Mas ainda temos de submetê-la a uma série de exames para verificar eventuais comprometimentos de outras áreas de seu cérebro ligadas à cognição, à capacidade motora, à orientação espacial. Ocorre que esse tipo de avaliação neurológica demanda que a paciente esteja totalmente tranquila e, ao que parece, ela não consegue ficar assim perto de vocês...

            Diante da observação do médico, Edgar e Renato se entreolharam, constrangidos. O Dr. Carauta prosseguiu:

 - Por razões óbvias, tive que me informar sobre a natureza da relação que lhes une à minha paciente e percebi que se trata de uma situação bem delicada e uma indiscutível fonte de estresse emocional para a Marcela. Agora há pouco, inclusive, na UTI,  ela reagiu muito fortemente à presença de vocês dois ou, pelo menos, a de um algum de vocês, tanto que todos os marcadores dela se alteraram ao vê-los, da pressão sanguínea aos batimentos cardíacos. Então, para não comprometer a avaliação neurológica de que lhes falei, vou recomendar aos dois que não a visitem ao longo de duas semanas, tempo que vou precisar para avaliá-la e, se der tudo certo, para dar-lhe alta, caso todos os exames apresentem resultados normais.

            Sem discutir a recomendação médica, Edgar e Renato saíram da sala do Dr. Carauta e, sem dizer nada um ao outro, dirigiram-se rapidamente à recepção do hospital para dar as boas novas da recuperação da Marcela às suas respectivas famílias.

(continua)

Nota da Autora: Para dois apaixonados e preocupados com a saúde da amada, achei muito estranha a ausência de Edgar e Renato no hospital no dia em que Marcela teve alta. Foi, então, para esta incongruência que tentei dar uma explicação nesta parte. Igualmente estranha foi a maneira rápida como ela se recuperou, o que também tentei explicar com a ausência de um trauma físico maior e o temor de um dano neurológico posteriormente não confirmado, conforme se verá na parte seguinte.