O maior amor de todos - Um final alternativo para a novela TiTiTi by Smallzinha - Capítulo 3

  

Fim da 2ª Parte:

            Sem discutir a recomendação médica, Edgar e Renato saíram da sala do Dr. Carauta e, sem dizer nada um ao outro, dirigiram-se rapidamente à recepção do hospital para dar as boas novas da recuperação da Marcela às suas respectivas famílias.

3ª Parte

            Dez dias depois daquele em que a Marcela acordou do coma, no quarto do hospital para o qual ela fora transferida, o Dr. Carauta conversava com a paciente e as suas acompanhantes, D. Bruna e Stela.

            Animado, ele falava que a recuperação da moça lhe impressionava. O ferimento em sua cabeça sarava com rapidez e os exames neurológicos feitos até ali indicavam ausência de comprometimentos.

 - Bom, tudo está se encaminhando muito bem - disse o Dr. Carauta - É bem verdade que ainda estou esperando o resultado de mais alguns exames, mas se tudo continuar nesta toada, logo logo, vou  lhe dar alta, mocinha!

            O discurso otimista do médico foi interrompido por uma enfermeira que viera trocar o soro da Marcela e verificar-lhe a pressão.

            Aproveitando, então, o ensejo, D. Bruna e Stela saíram do quarto para conversar mais reservadamente:

- Stela, lamento pelo acontecido com o Giancarlo. Eu realmente nem sei o que dizer... - falou Bruna visivelmente constrangida.

- Obrigada, Bruna! Mas você sabe melhor do que ninguém que o Giancarlo só está colhendo o que plantou. Paciência!

            As duas referiam-se à prisão do mega-empresário, pai de Renato, no bojo de uma grande operação da Polícia Federal na qual se apurou que ele praticara uma série de crimes financeiros e fiscais gravíssimos ao longo de muitos anos. Para piorar a situação, além de sua prisão, também fora determinado o bloqueio da maior parte dos seus bens.

 - Eu só fiquei mais abalada por causa do Renato que, com tudo o que aconteceu, está muito frágil e não merecia mais esse baque - prosseguiu Stela.

- Como ele está? - perguntou Bruna genuinamente preocupada.

- Levando as coisas na medida do possível. Ficou muito triste com a prisão do pai e ainda está muito ansioso por sua situação não resolvida com a Marcela, mas o fato de estar cuidando do Paulinho nestes dias tem lhe dado força e ânimo para continuar.

 - Stela, ainda sobre o Giancarlo, eu queria que você soubesse que um agente da Polícia Federal nos procurou esses dias - disse D. Bruna, voltando ao assunto que tanto desconforto lhe causava - Chegou aos ouvidos dele a história de como o seu ex-marido usou a participação societária na Editora para fazer chantagens. Então, ele queria se inteirar a respeito para fazer acréscimos ao inquérito policial.

 - E o que vocês disseram ao agente? perguntou Stela ansiosa.

 - Estávamos em dúvida sobre o que dizer, mas, na hora, Edgar chegou e, se adiantando a nós, nos surpreendeu, dizendo ao agente que houvera um mero problema de natureza familiar, o qual, também no âmbito familiar, teria sido resolvido sem maiores consequências.

 - E por que ele fez isso? Afinal, ele odeia o Giancarlo e, aliás, tem todos os motivos para isso.

 - O Edgar falou que o pai do Renato já estava suficientemente enrolado e que não seria ele quem daria mais corda para o enforcamento do avô do Paulinho.

 - Nossa! Essa atitude do Edgar me surpreendeu bastante! A propósito, Bruna, como ele tem andado?

 - Ah, o Edgar está sofrendo bastante com tudo isso. Ele está alegre com a recuperação da Marcela, mas triste com a distância que tem de manter dela. A única novidade é que, estes dias, ligaram da loja de móveis que ele, já há algum tempo, havia contratado para mobiliar o apartamento cujas chaves ele recebeu no início do mês. Informaram que o apartamento já estava montado.

- E ele se animou com isso, pelo menos?

- Na verdade, não. Em princípio, ignorou inteiramente. Mas aí lhe fiz ver que ele precisava se distrair com alguma coisa para não enlouquecer. E também lhe lembrei que, se por acaso, a Marcela resolvesse retomar a história deles dois, ele precisaria oferecer a ela e ao filho um lar só deles para recomeçar do zero. Então, ele aceitou a ideia de acompanhar a montagem do apartamento e, agora, até resolveu mudar-se para lá.

 - Por quê?

 - Ele disse que todos os cantos da nossa casa lembram-lhe a Marcela e o Paulinho e, como ele desconfia que ela não voltará para ele, chegou à conclusão de que é melhor viver em um outro lugar totalmente novo, sem lembranças para lhe magoar ainda mais o coração.

- Ah, entendi... - disse Stela com um ar consternado - Bom, Bruna, independentemente do que houve ou venha a haver entre os nossos filhos e a Marcela, saiba que torço muito pela felicidade do Edgar.

- Eu sei, Stela. Meu filho é um rapaz muito especial. Andou perdido antes de encontrar o amor e depois de perdê-lo, mas, nestes últimos tempos, notei o quanto ele amadureceu, cresceu como homem. Hoje, vejo perfeitamente o quanto posso me orgulhar dele!

            As duas senhoras, então, trocaram um apertado abraço, como que dividindo a dor pelo sofrimento dos filhos e depois voltaram ao quarto, onde permaneceram até serem rendidas pela Camila que, naquele dia, se prontificou a passar a noite com a paciente que, a esta altura, já dormia profundamente com a medicação que lhe fora ministrada.

            Mais tarde, por volta das 23h, quando todos já tinham ido embora, uma pessoa aproximou-se furtivamente do quarto em que estava Marcela e, antes que tivesse conseguido abrir a porta, foi interpelada firmemente:

 - O que você está fazendo aqui ??

(continua)                                           

Nota da Autora: Um dos absurdos mais gritantes do final de Tititi, para mim, foi a impunidade do maior vilão da novela, Giancarlo Villa. Daí a idéia de colocá-lo atrás das grades e deixá-lo quase pobre. Também me doeu a tentativa da autora de desconstruir a evolução do caráter do Edgar, em razão do que atribui a ele algumas atitudes mais condizentes com o novo homem que ele se transformou ao ser apaixonar e se tornar "pai". Por fim, tentei resolver mais uma pendência inexplicável da estória: o apartamento que Edgar ficou de receber no mês de março e sobre o qual nunca mais se falou.