NUNCA DIGA NUNCA (ou Ode a Uma Jovem Beleza Masculina)

    Este texto maravilhoso e que penso traduz o que aconteceu com a maioria de nós, é uma colaboração de Smallzinha. Vale muito a pena ler!!!!

NUNCA DIGA NUNCA
(ou Uma Ode a Uma Jovem Beleza Masculina)

Se uma coisa aprendi nesta jornada de mais de 3 décadas de vida foi evitar o perigo de expressões como "sempre" ou "nunca", tendo em vista a inconveniente peremptoriedade que elas encerram.
Quando muito, estas palavras podem ser usadas em relação ao passado, mas não para o porvir. Afinal, como alguém que não pode acrescentar um côvado à sua altura ou um minuto a mais à própria vida poderá dizer, com certeza, como as coisas serão no futuro?  Como estará? De que gostará? Do que será capaz?
Para sair da mera abstração filosófica, posso referir, como exemplo, o meu gosto por homens.
Eu normalmente costumo notar homens da minha geração, alguns anos mais velhos. E não se trata de um gosto recente: desde menina, com meus 14, 15 anos, já olhava de soslaio para rapazes de 25, 26 anos. Assim é que eu não nunca tive a menor propensão a me atrair por rapazes muito jovens.

         

                         Mas, então, eis que, numa determinada noite, ao ligar despretensiosamente a TV, deparei-me com uma figura completamente fora dos meus padrões e, ainda assim, curiosamente interessante...
A idade não estava muito clara para mim, embora se tratasse de alguém com 20 e poucos anos, mas os seus dotes físicos logo me saltaram aos olhos: o rosto moreno claro tinha, nas laterais, suíças bem longas como promessas de uma barba. Ao centro, um cavanhaque aparado servia de moldura para uma boca que, em si, já era um espetáculo à parte: os lábios, carnudos, rubros, úmidos; os dentes, grandes, alvos, bem ordenados, como um colar de pérolas desenhadas pelo próprio Deus. Os olhos, expressivos, com um quê de conquistadores, tinham, como adorno, sobrancelhas másculas. Por fim, cabelos escuros e bem cortados davam o toque final naquele que, mais tarde, eu viria a saber tratar-se de um personagem de novela com uma história tão encantadora quanto a sua beleza.

Tempos depois, outras cenas deixaram mais à mostra outras partes generosas do seu corpo: os braços fortes, o torso definido, as nádegas firmes e bem delineadas. Em suma: um verdadeiro convite aos sentidos! E aquele que parecia ser mais um rostinho bonito na TV começa a chamar a minha atenção de uma forma bastante inusitada.

Quando, então, eu soube que o personagem em questão era representado por um garoto de apenas 21 anos, a minha estranheza foi ainda maior, por se tratar de alguém mais adequado à atenção de minha sobrinha adolescente e não à de uma balzaquiana!!!
O fato é, de uma forma inédita para mim, um "rapazinho" chamado Caio Castro me fez considerar que, afinal, os nossos hormônios não sabem nada de cronologia e nunca pedem certidão de nascimento.
É evidente que não estou falando aqui de alguém com que se considerar um relacionamento ou algum vínculo afetivo sério, mas de uma companhia perfeita para quem consegue degustar a perfeição descompromissadamente, como, aliás, ele próprio parece preferir- embora, infelizmente, não seja este o meu caso.
Assim é que, como alguém que, sem entender de artes plásticas, pode se encantar com uma escultura de Rodin; assim como um completo ignorante
de música pode emudecer ao ouvir Puccini pela primeira vez, também eu fiquei quase muda diante de uma jovem beleza masculina que, antes, eu talvez jamais notasse.
Eis porque, sem pretensões a dar conselhos, resolvi, pelo menos, deixar uma sugestão: melhor nunca dizer nunca!                                 
É grande o perigo daquele que julga que nunca comerá desse pão ou que jamais beberá daquela água ver-se assaltado por fomes e sedes incompreensíveis, ao se deparar com a beleza em estado puro.
Então, todo o cuidado é pouco!
Afinal, não se sabe se, na próxima esquina, eventualmente, algum sorriso desconcertante esteja à espreita para deitar por terra todas as nossas certezas...






(Texto escrito antes do novo visual do Caio Castro que, por sinal, está merecendo uma outra crônica, talvez em sentido oposto...)